No dia seguinte ao encontro de Donald Trump, Volodymyr Zelensky e líderes europeus na Casa Branca, dois obstáculos para um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia ficaram mais evidentes.
O primeiro deles foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos. Trump declarou que não vai enviar soldados para a Ucrânia. A proteção prometida nesta segunda-feira (18) vai se restringir a uma ajuda na defesa aérea do país. Outra questão difícil nas negociações é o futuro dos territórios ucranianos já invadidos e ocupados pela Rússia.
Qual vai ser o novo mapa capaz de encerrar essa guerra? O que Donald Trump mostrou para Volodymyr Zelensky não agradou ao presidente ucraniano. É o retrato atual do campo de batalha.
Em três anos e meio, a Rússia avançou sobre quase 20% do território da Ucrânia. Invadiu grande parte de Luhansk e Donetsk e quer que a Ucrânia ceda a parte que ainda controla nessa região conhecida como Donbass.
Os russos tomaram também mais da metade das províncias de Zaporíjia e Kherson. Em 2014, Moscou anexou a Crimeia.
A Rússia coloca como condição para o acordo manter grande parte dessas regiões. Mas quanto delas? A prioridade é o Donbass, polo industrial e rico em minérios.
Zelensky alertou para um obstáculo: a Constituição ucraniana. Ela determina que a concessão de territórios só pode ser aprovada pela população, em referendo.
Uma pesquisa de opinião feita no meio do ano apontou que a maioria dos ucranianos é contra ceder terras aos russos. Mas quase 40% já aceitam essa possibilidade.
As reuniões de Donald Trump com Putin, no Alasca, na sexta, e com Zelensky e os europeus nesta segunda-feira, na Casa Branca, criaram o momento político para a discussão dos termos de um acordo de paz.
Mas, além da questão territorial, os líderes precisam resolver outro impasse: que tipo de garantia de segurança Putin vai aceitar no país vizinho em troca da manutenção das terras invadidas?
A possibilidade de a Ucrânia entrar para a aliança militar do Ocidente, a Otan, representa uma linha vermelha para os russos.
Os europeus parecem ter aberto mão desta exigência. Mas têm uma contraproposta. Defendem o uso do artigo quinto da Otan como base para desenhar uma proteção para a Ucrânia. Ele determina que se um país aliado for atacado, todos os outros responderão. Seria uma forma de evitar que a Rússia recomece o conflito depois de um acordo. Mas como isso funcionaria na prática?