Rio Branco, AC, 8 de novembro de 2025 12:55

Acreana de 17 anos recebe prêmio em Portugal por reportagem sobre a Reserva Chico Mendes

A jovem acreana Sofia Pereda, 17 anos, que estuda em Portugal, recebeu dia 29 o Prêmio de Honra ao Mérito por seus feitos acadêmicos e jornalísticos naquele país, em especial por reportagem realizada no Acre e veiculada pelo Jornal O Público, de Lisboa, um dos periódicos de referência naquele país e na revista Liga Te, da Escola Garcia de Orta, uma instituição de ensino também modelo naquele país. É o terceiro ano em que Sofia pública reportagens de grande repercussão no jornal e na revista, sempre destacadas pela excelência.

Sofia Pereda recebeu dia 29 o Prêmio de Honra ao Mérito em Portugal por seus feitos acadêmicos e jornalísticos naquele país

A reportagem que assegurou a distinção foi sobre os problemas ambientais na reserva Chico Mendes, com o ambientalista Anderson Santiago. O trabalho pela preservação da Amazônia em que o Anderson e sua equipe participaram é, segundo a matéria, de um valor inestimável para o meio ambiente e para aqueles que vivem da floresta. A partir da repercussão da reportagem, eles asseguraram incentivos e verba aprovada pela Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. A ministra também foi protagonista de outra reportagem, que A TRIBUNA publica.

Sofia Pereda também conquistou o terceiro lugar numa competição de redação chinesa a nível mundial e representou Portugal no Ano Novo Lunar Chinês de 2025. Conheça o trabalho dessa jovem acreana a seguir.

 

Entrevista

Proteger a FLORESTA DA AMAZÓNIA

Sofia Pereda

A floresta da Amazônia, o “pulmão da Terra”, é mundialmente reconhecida pela sua beleza e importância ecológica, mas seu interior permanece pouco conhecido.

Esta floresta é um ecossistema com mais de 5 milhões de km2, possuindo uma biodiversidade variada. Além de abrigar milhares de espécies de plantas e animais únicos que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta e têm uma enorme importância ecológica, este tem um papel crucial na regulação do clima mundial e na geração de oxigênio. Porém, este patrimônio natural está exposto a graves riscos, incluindo o desmatamento, a remoção ilícita de recursos e as mudanças climáticas.

Dentro deste ecossistema, existem diversas áreas com proteção, para equilibrar a conservação ambiental com o desenvolvimento sustentável das comunidades locais. Um exemplo atual é a “Reserva Extrativista Chico Mendes”, primo da “Casa do Raimundão”, localizada no estado do Acre. Criada em 1990, esta reserva procura garantir que as populações tradicionais possam viver da floresta sem a destruir. O nome da reserva homenageia um seringueiro e ativista ambiental que dedicou sua vida à defesa da Amazônia e dos direitos dos povos da floresta. A sua luta e protesto consolidou a criação de várias reservas extrativistas no Brasil, que promovem o uso de recursos naturais, seguindo um modelo sustentável e honesto.

Ambientalista Anderson Santiago falou sobre desafios e importância de preservar a Resex Chico Mendes

Para melhor compreender o trabalho de quem protege a floresta no cotidiano, entrevista e Jone Anderson, um brigadista da Reserva Chico Mendes. Ele partilhou a sua experiência, os desafios que enfrenta e a importância de preservação deste património para as futuras gerações.

Entrada: Olá, Anderson! Obrigado por aceitar conversar conosco. Para começar, podemos contar sobre seu trabalho na Reserva Chico Mendes?

Anderson: Claro! Sou chefe de tripulação e gerente de fogo na Reserva Chico Mendes. Nossa missão é proteger a floresta e as comunidades que vivem nela. Atuamos no combate a incêndios, na fiscalização ambiental e na conscientização da população. A reserva é imensa, com quase um milhão de quilômetros de extensão, e temos bases em Rio Branco e Brasileia para cobrir diferentes áreas. A brigada tem duas modalidades: a emergencial, com contratos anuais, e a brigada de três anos, na qual estou inserida. Para participar, os brigadistas passam por um processo seletivo e, se necessário, recebem treinamento especializado em combate a incêndios, resgate de animais silvestres e uso de equipamentos. Durante o período seco, ganhei no combate direto ao fogo. Já na época chuvosa, fazemos patrulhas, reflorescente e conscientização das comunidades.

Os desafios do combate ao fogo e à destruição da floresta.

Entr: Quais são os principais desafios que você enfrenta no seu trabalho?

Anderson: A falta de estrutura é um dos maiores desafios. A reserva sofre com invasões, desmatamento e até tráfico de drogas, já que há rotas ilegais que atravessam a floresta. Muitas vezes, quando fiscalizamos, nos deparamos com infratores armados. Outro grande problema é o desmatamento. Utilizamos imagens de satélite para monitorar áreas críticas, mas nosso efetivo é pequeno para responder rapidamente a todas as ocorrências. Quando chegamos, muitas vezes os invasores já fugiram ou retiraram a madeira extraída ilegalmente. O combate ao fogo também tem suas dificuldades. Já enfrentamos incêndios que ameaçaram centenas de hectares de floresta, e, sem equipamentos adequados, o trabalho se tornou mais arriscado. Muitas vezes, precisamos pedir materiais emprestados ao Ibama para garantir a segurança da equipe.

Experiências marcantes no campo.

Entr: Você já passou por situações perigosas durante a fiscalização?

Anderson: Sim, várias vezes. Lembro-me de um caso em que fomos chamados para combater um incêndio e encontramos um grupo de invasores que estavam desmatando. Eles nos receberam de maneira hostil e percebemos que alguns se esconderam dentro da casa, possivelmente para pegar armas. Decidimos recuar para garantir nossa segurança. Outro episódio marcante foi quando interceptamos um caminhão carregado com madeira retirada ilegalmente da reserva. O motorista era um adolescente de 16 anos, contratado para fazer o transporte. Apesar da apreensão do veículo, a organização criminosa conseguiu resgatá-lo antes que as autoridades pudessem tomar precauções. O impacto ambiental do desmatamento também é devastador. Durante as fiscalizações, já encontramos animais mortos por queimadas ilegais, como bichos-preguiça e jabutis, que não conseguem fugir a tempo do fogo.

A importância da Amazônia e como monitorá-la.

Entr: Para quem nunca esteve na Amazônia, como você explicaria a importância da floresta?

Anderson: A Amazônia é essencial para o equilíbrio ambiental do planeta. Você já ouviu falar nos “rios voadores”? São correntes de umidade geradas pela floresta que levam chuvas para outras regiões do Brasil e da América do Sul. Se a floresta for destruída, o clima mudará significativamente, afetando a agricultura e o abastecimento de água em diversas partes do país. Além disso, a floresta absorve grandes quantidades de carbono, ajudando no combate ao aquecimento global. A biodiversidade da Amazônia é única, e muitas espécies ainda não foram estudadas. Se não protegermos essa riqueza, destruiremos um patrimônio natural inestimável.

Entr: Como as pessoas podem ajudar na preservação da floresta?

Anderson: Mesmo quem está longe pode contribuir. Apoiar ONGs séries que atuam na Amazônia é uma forma de ajudar. Também é importante exigir políticas públicas que protejam a floresta e evitem o consumo de produtos relacionados ao desmatamento, como carne e madeira de origem ilegal.

A relação com os moradores da reserva.

Entr: Como é a relação da brigada com os moradores da reserva?

Anderson: Em geral, a relação é muito boa. Muitos brigadistas são da própria reserva, o que facilita a comunicação com a comunidade. Quando chegamos às casas dos moradores, somos bem recebidos. Eles nos veem como aliados, pois sabemos que estamos ali para proteger o território e garantir a segurança deles. No entanto, a chegada da tecnologia à reserva tem feito com que alguns jovens queiram deixar a floresta em busca de oportunidades na cidade. Infelizmente, muitos acabam enfrentando porque não têm dificuldades de estudo ou estrutura para se instalarem em centros urbanos.

Entr: Como é a situação da educação na reserva?

Anderson: A educação é extremamente precária. Muitas escolas têm lousas antigas de cimento, cadeiras de madeira quebradas e poucos recursos. Já encontramos crianças de 13 ou 14 anos que ainda não sabem ler. Além disso, algumas escolas estão abandonadas porque os professores desistem devido ao isolamento. O deslocamento também é difícil: muitas crianças precisam percorrer quilômetros para chegar à escola. A falta de estrutura prejudica o futuro dessas comunidades.

Entr: E quanto à ten?

Anderson: O acesso à saúde também é um grande problema. Não há postos médicos na reserva, então, quando um morador precisa de atendimento, ele tem que viajar até a cidade, o que pode ser caro e demorado. Algumas famílias chegam a carregar pacientes em redes para conseguir atendimento. O futuro da Amazônia e das comunidades tradicionais Entr: Você apoia a ideia de reduzir o tamanho da reserva? Anderson: De jeito nenhum! A reserva já enfrenta muitas ameaças, e reduzir seu tamanho só facilitaria mais invasões e desmatamento. Pelo contrário, deveríamos ampliar a proteção dessas áreas e oferecer melhores condições para quem vive dentro delas.

Entr: Como você imagina o futuro da Amazônia?

Anderson: Se não houver mudanças agora, perderemos boa parte da floresta nas próximas décadas. Mas ainda há esperança. Com políticas públicas eficientes, apoio às comunidades locais e conscientização global, podemos garantir que a Amazônia continue existindo para as próximas gerações.

Entr: Se você pudesse pedir algo ao governo, o que seria?

Anderson: Maior investimento na proteção da floresta e nenhum apoio às populações que vivem nela. Precisamos de mais estrutura para fiscalização, mais recursos para as brigadas e políticas que incentivem o desenvolvimento sustentável dentro da reserva.

Entr: Se você pudesse mandar uma mensagem para o mundo sobre a Amazônia, qual seria?

Anderson: Cuidem da Amazônia. O futuro só depende da gente. Quem está aqui hoje pode ser que, no futuro, nossos netos e bisnetos não vejam a Amazônia e não consigam enxergar tudo o que estava perdido e que ainda está sendo perdido. Eu acompanho essa realidade, sei o que acontece aqui e meu maior medo é que tudo se acabe em um curto prazo.

Entr: E qual o seu maior sonho para o futuro da floresta e da comunidade?

Anderson: Meu desejo é que as políticas públicas mudem e que os povos tradicionais que vivem na floresta sejam valorizados. São essas pessoas que defendem a floresta e estão na linha de frente dessa luta, como Chico Mendes e seu Raimundão. Eles enfrentam desafios diários para proteger seu território e deveriam ser reconhecidos e assistidos pelo poder público. Hoje, a tecnologia chegou até a reserva, e muitos moradores acabam se interessando por outras atividades, deixando a floresta para tentar uma sorte na cidade grande, muitas vezes sem estudo ou estrutura. Isso leva a situações difíceis. Gostaria que os povos tradicionais fossem valorizados, pois são eles que mantêm a floresta de pé.

Posteriormente, Anderson também anunciou a criação do mascote: “Esse mascote foi algo que eu tentei criar por cerca de dois anos, mas não sabia qual animal escolher. Ele precisava representar a Amazônia, ser típico do Acre e, ao mesmo tempo, ser uma espécie afetada pelos incêndios.Pensei na tartaruga, no jabuti, que sofre bastante com as queimadas, e também no bicho-preguiça. Foi então que surgiu a ideia de criar o mascote inspirado no bicho-preguiça.”

(Este artigo está escrito na variante da língua portuguesa usada no Brasil, atendendo à origem brasileira quer da entrevistadora, quer do entrevistado. Todas as fotografias foram fornecidas pela entrevista de J one Anderson)

ENTREVISTA NO LIGA-T ATRAVESSA O ATLÂNTICO E SENSIBILIZA PODER CENTRAL BRASILEIRO!

Sofia Pereda

Na primeira edição do Jornal deste ano letivo, foi publicada uma entrevista a Jone Anderson, brigadista da Reserva Extrativista Chico Mendes (chefe de transporte e gerente do fogo), na qual se pretende destacar o seu projeto de preservação da Floresta da Amazônia . Criada em 1990, esta reserva procura garantir que as populações tradicionais possam viver da floresta sem a destruir.

Foi após o envio desta entrevista à Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, que este projeto na floresta amazônica deu um passo decisivo. A divulgação sensibilizou as autoridades e descobriu na mobilização para destinação de recursos.

A assessoria do Ministro entrou em contato e, a partir daí, foi realizado o levantamento do material necessário. Com base nesse levantamento, foi apresentada uma proposta ao gestor da ASL (Paisagens Sustentáveis ​​da Amazônia). A proposta prevê a liberação de uma palavra significativa destinada à compra de equipamentos, realização de formações e kits completos para estruturar as brigadas.

Os recursos estão em fase de alocação e o plano inicial, que prevê três núcleos de base comunitária na Reserva, foi ampliado para cinco ou seis, com o objetivo de atender um maior número de comunidades. Há, ainda, uma expectativa, para o entrevistado, Jone Anderson, de um novo vínculo como colaborador eventual do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o que permitirá a continuidade do apoio técnico nas ações e formações.

Segundo os envolvidos, o processo de aprovação com boas perspectivas, graças ao apoio conquistado após a divulgação da entrevista.